domingo, 12 de fevereiro de 2017



AS NUANCES DA EVOLUÇÃO - Parte I



Antes de iniciarmos é necessário que esclareçamos alguns conceitos.



O que é evolução?

Segundo o dicionário Aurélio, evolução é o processo de transformação em que certos elementos simples ou indistintos se tornam aos poucos mais complexos ou mais pronunciados; desenvolvimento. Em Biologia a definição para evolução é a formação de novas espécies de seres vivos a partir de espécies preexistentes. 

Entretanto é errôneo pensar em evolução como algo completamente benéfico quando falamos de biologia, já que nem sempre este acontecimento pode contribuir para uma espécie. Por exemplo, uma mutação que origina um predador com pouca capacidade de perceber a presa, é provável que este não irá conseguir suprir a própria necessidade e acabará morrendo sem dar continuidade a esta característica. Portanto, o correto é designar "descendência com modificações" ou seja, apenas "transformação" ao invés de "evolução". 

O que é uma teoria no mundo científico?

O dicionário Aurélio assim a define: "Conjunto de princípios fundamentais de uma arte ou ciência(...)doutrina fundada nestes princípios." Ou seja, é uma afirmação fundamentada em comprovações e documentações. Não confunda a teoria científica com a empírica (aquela que não tem base científica) já que a teoria empírica não é resultado de pesquisas sendo somente feita por especulações. 

Antes dos cientistas iniciarem estudos mais sérios e engajados sobre a evolução, alguns filósofos já haviam discutido sobre como se dera o surgimento e desenvolvimento dos seres na terra. Entretanto, estas teses eram limitadas aos conhecimentos da época, não sendo assim exatas. Como por exemplo, a do filósofo grego Aristóteles, que dizia que os organismos eram originados a partir de um princípio ativo, um tipo de energia contida nas coisas que poderia gerar vida. Ele era adepto da abiogênese, também conhecida como geração espontânea. (Falaremos mais detalhadamente sobre esta teoria e as remanescentes aqui citadas em outro post, neste daremos atenção a teoria evolucionista). 
Busto do filosofo grego Aristóteles.
 
Na década de 1920 surgiu a proposta Oparin-Haldane, elaborada pelos cientistas Aleksandr Oparin e John Haldane os quais acreditavam que os organismos complexos existentes tinham origem em estruturas simplistas que, através da evolução ao longo dos séculos, modificaram-se. A proposta deles especulava que algumas moléculas, dentre elas os aminoácidos (que originam o DNA) teriam sido formadas na atmosfera caótica no princípio da terra. 
Aleksandr Oparin e John Haldane

A proposta ganhou status de teoria na década de 50 quando o cientista Stanley Miller comprovou através de um experimento que consistiu na submissão de uma mistura de água, amônia, metano e hidrogênio a raios UV e descargas elétricas para simular as condições do planeta em tempos remotos. Esta mistura foi denominada "sopa primordial".


 

Stanley Miller manipulando um instrumento de pesquisa


Jean-Baptiste de Lamarck (1744-1829) ou somente Lamarck foi o primeiro dos estudiosos a investigar seriamente a questão evolutiva, propondo duas teorias, são elas:  

Lei do uso e desuso: Defende que quando usado frequentemente, um órgão desenvolve-se, enquanto que quando pouco utilizado, atrofia. A sentença é verdadeira em parte, já que em algumas situações ela pode ser aplicável, como por exemplo, no organismo de um indivíduo que raramente movimenta algum músculo específico, este não é tão desenvolvido comparado ao de outro indivíduo que o estimula constantemente, entretanto esta conduta não é observada quando tratamos de evolução.

A segunda lei, nomeada Herança dos caracteres adquiridos, defende que as mudanças adquiridas durante a vida de um indivíduo é repassada para seus descendentes. Se caso esta premissa fosse verdadeira, um filho de pais com membros amputados deveria nascer na mesma condição, o que não ocorre.

     Monumento dedicado a Lamarck. Jardim das plantas, Paris.


Lamarck, diferente de Darwin acreditava que as mudanças ocorridas nos organismos eram propositais. Como a famosa teoria das girafas, onde o cientista defende que os pescoços curtos destes animais cresciam propositalmente a fim de alcançar as folhas dos galhos mais altos e que estas características seriam repassadas aos filhotes, sem considerar a seleção natural. 

Demonstração das leis de Lamarck na anatomia das girafas

 

É importante destacar que, apesar de as teorias lamarckistas não possuírem exatidão, sua contribuição fora importante, pois Lamarck expressou suas ideias em um momento em que a ciência era tomada pelas concepções fixistas (as quais defendiam a criação do universo por uma divindade e que os organismos não são submetidos a evolução), servindo como pontapé inicial para a continuidade dos estudos na área. 

No próximo post falaremos sobre a teoria evolucionista estabelecida por Charles Darwin e quais suas ramificações nos dias atuais. 

A pergunta do post é: 

Em sua opinião por qual motivo foi tão difícil consolidar a teoria evolucionista?